A crítica ao hino do Flamengo é de Gilberto Gil, algo como: “um time que diz vencer-vencer-vencer não entendeu nada da lógica do jogo”. Gil, com parte do coração Fluminense, se defendia dos filhos flamenguistas com humor questionável na série que carrega seu nome.
A esta altura do texto, a nação rubro negra já não quer mais saber de mim. Desculpe-me, briguem com a sabedoria de Gil.
Na semana passada, conduzia um encontro com um comitê executivo e falávamos do desafio de amadurecer o time de diretos. Diretoria e gerência executiva com temas sobre a iniciativa de propor caminhos, assumir riscos, tomada de decisão e pensamento sistêmico.
Em meio aos relatos e “lendo” as conversas, soltei a pergunta:
“O quanto estão dispostos a perder para ter um time mais maduro?”
Silêncio, olhares controversos como quem diz: “conte você isso ao acionista”. Fui sustentado no crédito de caminhar há muito tempo com o grupo e ter um pouco de confiança.
Perdas, isso mesmo.
Perder velocidade de resposta porque há mais dados a serem levantados e tempo maior de processamento.
Perder precisão porque as tentativas podem ter outras escolhas.
Perder o poder decisório e o ego da última palavra.
Perder o prestígio de ser uma liderança que resolve.
Perder as mais diversas formas de ilusão de controle sobre si e o outro.
Abri um pouco mais espaço e segui:
“O quanto e onde estamos dispostos a perder e o que ganharemos com isso?”
Amadurecer implica correr algum risco, entregar espaços, alargar cercas, entregar responsabilidade. Vale para a vida executiva e vale para o adolescente recém-habilitado. Não há treinamento que resolva o ganho de responsabilidade com cercadinhos apertados.
A sabedoria rubro-negra tem seu valor: revelar que, no fim, ninguém joga para perder, mas que talvez haja uma forma de perder ganhando. Logo, há um vencer-vencer-vencer, principalmente se há uma causa, propósito, missão para viver: “Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer”. A crença é o norte.
Relembro o aprendizado da gremista (vira casaca corinthiana) nos anos 80, em meio ao ápice da glória do mengão que carregava a identidade do galinho de Quintino, Elis Regina:
“Vivendo e aprendendo a jogar. Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar”.
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Ps: imagem gerada pelo Sebastião, robô que mora (acho) lá em casa
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