De férias, cruzando a costa da península ibérica, em cada rua, museu, restaurante, tenho minha atenção capturada pela população idosa. Como se fizesse exercícios projetivos no horizonte e estilo de vida que gostaria de construir na velhice. Lembro nesses momentos de um ex-sócio querido que sempre falava do sonho da vida futura na Toscana com um sorriso no rosto e serenidade que não tinha como não desejar também.
Lembrei de um amigo que me recomendou ir no geriatra antes dos quarenta. Eu morro de rir, mas concordo com ele.
Refleti que envelhecer é uma arte. Envelhecer bem, uma raridade. Envelhecer no sentido amplo, não sobre ser novo ou velho, mas sobre como conduz a jornada de avançar nos anos.
O QUE É BEM?
Para além da saúde (claro) cultivando sabor pela vida. Com humor e pouco rancor. Com alegria e escolhas de solitute, não solidão. Intelectualmente disposto, escutando, aprendendo. Amando. Bem, assim. Menos “Outlive”, “Blue Zones”, mas também sobre elas.
Ter muito ou pouco disse tudo e estar pacificado consigo.
Num lapso, sou transportado as mesas corporativas por uma mensagem e lembro que uma liderança experiente (envelhecida), nem sempre é boa. Há muita gente envelhecendo mal no nosso mundo corporativo.
O QUE É MAL?
Acumular tantos casos de sucesso e perder a singularidade da escuta. Dar tantas respostas e perder a capacidade de perguntar. Ter feito tanto e não observar que o que ainda há a fazer. Conhecer tanto e perder curiosidade pelo o que importa. A esperança tornar-se desnecessária, uma nuvem constante de pessimismo. Prazer em jogos políticos que misturam pessoas e objetos. Uma carranca estampada no rosto.
Fazer tudo isso e ter 27 anos de idade. Importante, nada disso tem a ver com idade.
Vejo tantos discursos sobre longevidade, abraço a maioria deles, mas também vejo impactos no envelhecimento de gente que cuida bem do corpo e pouco da “alma”.
Reforço, gente com 25, 30, 40, 50, 80.
Olho no espelho e a barba está ficando branca, pensei se isso era um bom sinal depois de lutar anos a fio para parecer ser mais velho e demonstrar no corpo que dava conta dos problemas que estavam diante de mim. Pedi por frescor e abracei o tempo, nem bom, nem mau. Uma taça de vinho e mãos dadas com a sorte do amor tranquilo.
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Foto sem créditos
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